quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Ainda te amo

Ainda te amo
Ainda te odeio

Nas minhas veias,
No meu sangue,
Espectáculo visceral...
II Acto
Brutal.

Inesquecível coração...
Coragem sim,
Amor não.

Incansável desejo,
Desdita loucura
Se ainda te amo...

terça-feira, 3 de maio de 2011

21.04.11



Ele deleitava a sua boca em tabaco; dependurado na sua arrogância revestida pelo sobretudo moriniano, que lhe realçava uma elegância cuspida mas sábia.
A mim irritava aquele desprezo; mas naquele dia a egoísta era eu.
- Mas que coisa! As pessoas parece que cresceram ontem! Mas em que mundo é que vivem?!
Ele mergulhava em dopamina, olhando o cigarro, parecendo não ouvir.
- Nasceram! - Eu, cega, não ouvia.
- O quê?!
- "Nasceram ontem"! É o que se costuma dizer.
- É a mesma coisa! (Ele encolhe os ombros) As pessoas pensam que sou alguma criancinha?! Tenho 24 anos! Sou uma mulher!
(Encolhe os ombros segunda vez)
- Tens cara de miúda! Como queres que os outros te tratem?
Eu não pensei. Pensou a minha mão por mim, que atravessou o sobretudo até à sua Praça Principal.
O cigarro sobressaltou-lhe. O seu corpo tremeu. Ele sorriu.
- És mesmo uma mulher!
Nessa tarde fui uma mulher. Fui apenas aquilo que sou.